Posts Tagged ‘Humor’

MegaRex

terça-feira, 28 \28\-03:00 outubro \28\-03:00 2008

Esses dias, o Obivious, o melhor blog em língua portuguesa, escreveu um post uma curiosa banda brasileira: MegaRex.

Fotografia da banda

Fotografia da banda

Formada por Conde Flavio di Marchesã, Marco Camarano e Paulinho Barizon, a banda é uma peça rara. Tocam rock com os instrumentos tradicionais (guitarra, bateria etc.) e acrescentam um violino; o som fica bastante original, lembrando a ousadia (mas não o estilo) do Chico Science. Não lhes falta talento para desenvolver as músicas, que são bastante animadas. Além disso, as letras são de um humor impagável, de alta qualidade.

O melhor, porém, é que o CD MegaRex está disponível gratuitamente no site. Curiosamente, no site há uma promoção bizarra na qual você pode ganhar, de verdade, um Fusca vermelho!

Minhas músicas preferidas são Misturada e El Fuca Vermejo No Mi Atropellará Jamás, que segue abaixo.

Vai lá no site deles dar uma espiada. Eu acredito que você se divertirá bastante.

Radical Rebelde Revolucionário

quarta-feira, 16 \16\-03:00 julho \16\-03:00 2008

Eu li vários livros ótimos no final de 2007 e início de 2008. Um desses livros é Radical Rebelde Revolucionário.

Permitam-me apresentar Alex Castro. Alex Castro é um blogueiro bastante conhecido que aprecio muito. Seus textos são bastante divertidos mas provocam poderosas reflexões, além de serem muito claros. Gosto especialmente de suas idéias, liberais e libertárias em um nível que eu nem imaginava possível antes de conhecer o blogue dele.

Liberal Libertário Libertino

Liberal Libertário Libertino

Alex Castro tem três livros publicados. Desses, apenas Liberal Libertário Libertino foi impresso em papel. Provavelmente esse é seu melhor livro, pois, ao que parece, é uma coletânea mais bem trabalhada das crônicas que podem ser encontradas no site dele. Essas crônicas, assim como as prisões, são textos deliciosos de ler, cheios de humor e elegância. São, também, manifestações de idéias poderosas sobre liberdade, capazes mesmo de mudar vidas.

Entretanto, ainda não comprei Liberal Libertário Libertino porque priorizei os dois outros livros: Onde Perdemos Tudo e Radical Rebelde Revolucionário.

Onde Perdemos Tudo é uma coletânea de contos. Confesso que não gostei deste livro. Achei os contos fraquinhos e um tanto quanto pretensiosos, repetitivos e explícitos demais. Entretanto, talvez você queira dar uma chance ao livro: muita gente gostou dos contos, não seria justo confiar apenas no meu gosto. Confira os contos A Porta e A Morte do Meu Cachorro e tire suas conclusões. Dê uma olhada também em algumas resenhas.

Radical Rebelde Revolucionário é outra história. Esse insólito livro é o resultado de uma viagem de Alex Castro para Cuba. Ocorre que autor é, no momento, um mestrando na Tulane University em Nova Orleans, e sua pesquisa é sobre a escravidão na literatura latino-americana. Ele conseguiu financiamento para viajar para Cuba para aprofundar sua pesquisa. Ele foi lá, pesquisou, se divertiu pacas e, de quebra, escreveu o livro.

A primeira grande qualidade de Radical Rebelde Revolucionário é que não é um panfleto. Alex Castro é um livre pensador, e seu livro não é uma série de descrições e argumentos tentando provar que Cuba é um estado stalinista ou uma nação democrática. A Cuba de Alex Castro é humana, não ideológica. Ele não toma lado nenhum (embora ele pareça ter uma leve simpatia pelos socialistas) e observa não o ícone (do Mal ou do Bem), mas sim o país real, com seu povo, seus problemas e – por que não? – suas soluções.

Radical Rebelde Revolucionário

Radical Rebelde Revolucionário

Não bastasse ser um livro não dogmático, é uma delícia de ler. As crônicas são fluentes e muito, muito divertidas. As histórias sobre jineteiros, as peripécias do malandro Cándido, a sensualidade da bibliotecária Dolores, as descrições de tudo isso são de um humor único, quase escrachado mas extremamente realista.

Acima de tudo, Radical Rebelde Revolucionário é vivo. Lendo o livro, você quase pode vislumbrar os acontecimentos ocorrendo ali, na sua frente. Quando li a crônica que disserta, dentre outras coisas, sobre o caráter sorvetístico dos cubanos, tive de sair para comprar uma casquinha. Estou feliz por não ter me tornado fumante ao final do livro, como resultado da descrição fascinante e fascinada da indústria de charutos cubanos!

Vale destacar, porém, que o livro não foge de questões políticas, sociais e econômicas. A pobreza da ilha é bem retratada, a falta de democracia não é ignorada, problemas de abastecimento são uma constante e um lamento pela falta de dignidade da vida do cubano permeia a obra. Do mesmo modo, Alex Castro percebe em Cuba o resultado de uma revolução real, não a troca de uma elite por outra, e fascina-se com o exótico espetáculo de um país sem ricos nem miseráveis, mas só com pobres. Dada essas observações, não é de se admirar que o autor foi considerado castrista pelos anticastristas e anticastrista pelos castristas. Isso, por si só, já contaria muitos pontos para a obra.

De qualquer forma, ao menos para mim, o autor parece pouco interessado nas grandes questões políticas e sociais. Seu objetivo é entender os cubanos, seus hábitos, tradições, arte e cultura. E é isso que torna o livro inestimável: em uma zeitgeist onde Cuba é bandeira de praticamente qualquer movimento político, é reconfortante saber como são as pessoas reais desse país estranhíssimo.

Enfim, reitero minha sugestão: compre e leia o Radical Rebelde Revolucionário! Vai ser um dos melhores e mais agradáveis livros contemporâneos que você vai ler.